Tecnologia na Pecuária: da Genética ao Prato
Produzir alimentos é desafiador. Pensar em todas as variáveis que impactam em um ambiente é uma somatória de riscos, ao mesmo tempo que é preciso melhorar a produtividade, qualidade e sustentabilidade. Agora pensa comigo que ao invés de plantas são animais, ou seja, seres que nascem, crescem, adoecem, comem e bebem.
Recentemente, ouvi o episódio do podcast “O que tem na sua carteira?” da B3, no qual a pecuarista Teresa Cristina Vendramini participou contando sobre a sua carreira, como foi assumir recentemente a fazenda e foi enfática ao dizer que a pecuária hoje só se desenvolve produzindo de forma intensiva, profissional com tecnologia. Pois bem, é uma atividade cuja rentabilidade tem diminuído. Estima-se que, ao longo dos últimos 50 anos, a margem de lucro da pecuária de corte tenha diminuído de 50-70% para cerca de 10-20% nos dias atuais.
E onde está a tecnologia para a pecuária? Analisando sob a ótica das startups, segundo o Radar AgTech de 2023, 45,2% das agtechs possuem como principais áreas de atuação a pecuária. Mas, ao conversar com produtores e com a indústria, poucas e quase sempre as mesmas startups são mencionadas. A minha percepção é que conhecemos ainda muito pouco e, por ser um segmento que está demandando a aceleração tecnológica, precisamos dar mais atenção.
Então, na newsletter de hoje, vamos abordar sobre como a tecnologia pode ser aplicada na pecuária e desde já eu convido as startups a participarem do nosso mapeamento para que possamos identificar e divulgar quem está contribuindo para uma pecuária mais inovadora e sustentável: https://ruralventures.com.br/startups/
Da genética ao prato
Para que uma carne de aves, bovina, suína ou ovina chegue com qualidade e segurança na mesa dos consumidores, muita tecnologia precisou ser utilizada em toda a cadeia produtiva, começando antes mesmo da fazenda ou do animal. Vou apresentar alguns exemplos:
Antes da fazenda:
- Nutrição animal: tecnologias como suplementos e aditivos que desenvolvem suplementos nutricionais para melhorar a saúde e produtividade dos animais.
- Seleção Genética: já falamos aqui sobre o tema e, sob a ótica o melhoramento genético visa, por meio da seleção e acasalamento, promover combinações genéticas favoráveis no rebanho, identificando os melhores touros e matrizes que serão os pais da próxima geração. E desempenha um papel crucial na criação de animais mais saudáveis, resistentes a doenças e com uma eficiência reprodutiva melhorada.
Dentro da fazenda:
- Sistemas de Monitoramento de Comportamento: dispositivos com sensores e tecnologia por imagens (drones e câmeras) analisam o comportamento dos animais, possibilitando a identificação de atitudes que podem indicar estresse ou doenças, por vezes com utilização de Inteligência Artificial para prevenção e recomendação.
- Software de Gerenciamento: Ferramentas digitais que ajudam os pecuaristas a monitorar e gerenciar dados sobre a saúde, reprodução e produtividade dos animais.
- Aplicativos de comercialização:marketplaces de compra e venda de animais.
Depois da fazenda:
- Indústria: tecnologias para avaliação de carcaças.
- Logística: soluções de transporte refrigerado e otimização de fretes e frotas.
- Varejo: tecnologia para embalagens e aumento do “tempo de prateleira”, do inglês “shelf time” das carnes nos refrigeradores.
E durante todo o processo outras tecnologias são empregadas para a gestão e governança das operações, além de rastreabilidade para mostrar e auditar a origem e caminhos percorridos, de forma a promover a segurança e sustentabilidade na cadeia produtiva.
Startups:
Na edição de hoje, vou apresentar duas startups mais conhecidas, a JetBov e iRancho e uma que conheci recentemente, a COWMED.
JetBov entra na era da IA para acompanhar a aceleração da pecuária digital
Quando Xisto Alves de Souza Jr deu os primeiros passos para a criação da JetBov, ainda não se falava em digitalização na pecuária. Foram-se nove anos, o quadro já mudou um tanto, mas o segmento ainda tem muito a caminhar para se igualar, em nível tecnológico, ao que aconteceu, por exemplo, na agricultura.
Por isso, mesmo depois de tanto tempo e com mais de 4 mil propriedades rurais ativas e mais de 11 milhões de cabeças de gado tendo passado pela plataforma da empresa, com clientes no Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Angola, Moçambique e Portugal, o empreendedor ainda considera que comanda uma startup.
Foi pela busca desses dados que Xisto Alves iniciou a jornada da JetBov, que agora entra na era da inteligência artificial. A empresa acaba de lançar um novo aplicativo, o terceiro de sua prateleira, com a pretensão de que ele funcione como um “Chat GPT da Pecuária”.
Leia mais na reportagem da AgFeed: https://agfeed.com.br/agtech/a-veterana-jetbov-entra-na-era-da-ia-para-acompanhar-a-aceleracao-da-pecuaria-digital/
iRancho: a startup que conquistou o Banco do Brasil
Fundada em 2016, a iRancho busca auxiliar os pecuaristas na gestão dos seus empreendimentos, apoiando o processo de tomada de decisões e contribuindo para a melhoria do controle de insumos e redução de custos. Utilizada por mais de 3,5 mil propriedades rurais no Brasil e no exterior, a plataforma permite coletar e integrar dados de rastreabilidade animal e manejo do curral possibilitando um controle de gato mais eficaz e, com isso, um aumento na produtividade.
“Com a iRancho o pecuarista faz o controle do gado, gerencia a fazenda e torna o seu negócio mais rentável. É tudo muito simples e intuitivo, sem deixar de lado a eficiência na pecuária de corte”, afirma Thiago Parente, CEO da iRancho, em nota.
Em 2023, o Banco do Brasil injetou R$ 7,2 milhões na agtech e no início do ano firmou parceria com a Traive e MyCarbon no projeto batizado de “Pecuária do Futuro” para digitalização do segmento.
Leia mais em: https://startups.com.br/agtech/banco-do-brasil-injeta-r-72-milhoes-na-agtech-irancho/
Cowmed – Startup que “ouve” vacas incorpora IA nas fazendas e quer dobrar de tamanho até 2026
A startup gaúcha COWMED decidiu “ouvir as vacas” e criou uma ferramenta de IA (inteligência artificial) que mapeia os animais e o ambiente.
Com uma coleira colocada nas vacas leiteiras, é possível fazer a leitura de índices fundamentais para a produtividade, como tempo de ruminação, temperatura corpórea, umidade e nível de atividade do animal. “A produção média diária de uma vaca é de 35 a 40 litros, mas os animais monitorados chegam a 53 litros por dia com o uso das nossas soluções”, explica Thiago Martins, cofundador e CEO da Cowmed.
Notícias relacionadas:
JBS lança ‘Cowbot’, ferramenta para monitoramento da cadeia pecuária por WhatsApp
A JBS (JBSS3) lançou uma plataforma para consultas gratuitas sobre a situação socioambiental da cadeia de fornecimento dos pecuaristas.
Chamada de “Cowbot”, a ferramenta do WhatsApp pode ser usada por pecuaristas que fornecem ou não à JBS como uma consulta anterior à negociação, contribuindo com a rastreabilidade da cadeia de fornecimento de terceiros.
Leia mais em: https://www.moneytimes.com.br/jbs-jbss3-lanca-cowbot-ferramenta-para-monitoramento-da-cadeia-pecuaria-por-whatsapp-pads/
Uma vaca de US$ 4 milhões (R$ 21 milhões): veja como a tecnologia genética muda a pecuária do Brasil
Melhora da genética é vista como trampolim para levar a pecuária brasileira a um novo patamar, produzindo carne de qualidade sem desmatar biomas como a Amazônia e cortando a emissão de gases de efeito estufa
A conquista da Viatina-19, a vaca nelore brasileira que entrou para o Guiness Book, o livro dos recordes, como a fêmea bovina mais valiosa do mundo após ser vendida por quase US$ 4 milhões (R$ 21 milhões), atraiu holofotes internacionais para a pecuária brasileira. Embora casos como o dela ainda sejam exceções, pecuaristas e empresas do setor investem cada vez mais em tecnologia genética para produzir animais com alta capacidade de ganho de peso, indo para o abate em tempo cada vez menor.
Leia mais em: https://www.estadao.com.br/economia/vaca-guiness-book-mais-cara-do-mundo-tecnologia-genetica-brasil/
No Tocantins, pecuária incorpora novas tecnologias e integra gerações
André Seabra foi um dos 486 produtores rurais atendidos por um programa de inseminação artificial para melhoria genética do rebanho de corte. A iniciativa foi viabilizada pelo Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável do Tocantins (PDRIS), do governo do estado, financiado pelo Banco Mundial. Assim, teve acesso a tecnologias com que os avós nem poderiam sonhar quando mais jovens.
Em todo o estado, em 2021, o PDRIS investiu R$ 5 milhões em 92 municípios, inseminando 87 mil fêmeas. Os produtores rurais receberam as doses de sêmen e, em contrapartida, precisavam custear um veterinário responsável pela atividade.
Terminação Intensiva a Pasto cresce mais de 300%
O sistema Terminação Intensiva a Pasto (TIP), um modelo híbrido combinando rotinas a pasto e confinamento, tem ganhado popularidade entre os pecuaristas. Segundo o Relatório de Confinamento 2023 da Ponta, empresa de tecnologia pecuária, a proporção de animais provenientes do TIP cresceu 306% de 2019 a 2023. A análise dos últimos cinco anos, baseada em 5.297.263 cabeças registradas no software TGC, mostra a evolução da engorda intensiva, destacando proporções entre sexos e sistemas produtivos, incluindo confinamento e TIP.
Leia mais em: https://www.agrolink.com.br/noticias/terminacao-intensiva-a-pasto-cresce-mais-de-300-_493083.html
Anuário destaca pesquisa e tecnologia na pecuária de leite
A EmbrapaGado de Leite apresenta o Anuário Leite 2024, completa publicação sobre a cadeia do leite, com estatísticas, análises, artigos e entrevistas que valorizam as pesquisas e as tecnologias que impulsionam esta importante atividade produtora de alimentos e geradora de empregos e renda no campo.
Leia mais em: https://agrorevenda.com.br/noticias/anuario-destaca-pesquisa-e-tecnologia-na-pecuaria-de-leite/
Solinftec apresenta o Rural Talks – Especial GAFFFF
É muito conteúdo de qualidade!
Durante o Global Agribusiness Festival, a Solinftec apresentou o Rural Talks em uma série especial com convidados que são referências no agronegócio e o Léo Carvalho, que é Chefe de Estratégia Global da empresa como host!
Imperdível, ouça ou assista pelo seu canal preferido:
- José Luiz Tejon Megido, Sócio Diretor da Biomarketing – YouTube | Spotify
- Fabio Rezende Barbosa – Fabio Rezende Barbosa, CEO da Novamérica Agrícola – Youtube
- Angela Ruiz, responsável por todo o conteúdo da Climatempo e host do AgroTalks, e Caio Souza, Head de agronegócio da ClimaTempo – Youtube | Spotify
- Leonardo Alencar, Head de Equities de Agro na XP Investimentos : Youtube | Spotify
- Luiz Roberto Barcelos, sócio e co-fundador da Agricola Famosa SA em Mossoró: Youtube | Spotify
E quer a sua marca apresentando o próximo Rural Talks? Envie-me uma mensagem e marque presença no videocast que respira agrotecnologia!
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